O crédito privado, ou seja, os investimentos feitos diretamente pelas empresas onde você empresta dinheiro a elas para receber juros, ganhou grande destaque em 2024 por oferecer boas oportunidades de retorno acima da taxa básica de juros. Contudo, é essencial entender os detalhes por trás desse cenário e como ele está se moldando para o futuro. O período promissor também traz seus problemas e riscos, especialmente com a reviravolta no ciclo de juros. Nós da Meelion vamos te ajudar a explorar esse cenário em profundidade e traçar estratégias para 2025.
O Cenário do Crédito Privado em 2024
Um ano de idas e vindas nos juros
Em 2024, o Banco Central começou o ano reduzindo os juros básicos da economia (Selic) devido às pressões do atual governo para aquecer a economia e também a boa resposta de queda da inflação ao final de 2023, que passaram de 11,25% em janeiro para 10,50% em maio e julho. A queda inicial da Selic ajudou empresas a captar recursos a custos menores que os bancários, o que resultou em boas taxas de retorno para os investidores. Porém, com a inflação subindo novamente no segundo semestre pela falta de um plano claro de corte de gastos por parte do governo, o Banco Central teve que reverter sua estratégia e aumentar os juros para 11,25% em novembro para manter a inflação dentro da meta. A previsão é que a Selic alcance 13% em 2025 antes que um novo ciclo de corte de juros aconteça.
Menor oferta e taxas menos atrativas
A redução da Selic no início do ano diminuiu a necessidade das empresas de oferecer taxas de retorno muito altas para atrair investidores, já que a demanda por investimentos em CRIs/CRAs/Debentures nunca esteve tão em alta. Isso tornou mais difícil encontrar oportunidades tão vantajosas quanto as vistas em 2023 pois quanto maior a demanda menor a oferta. Isso reduziu o número de novas emissões com taxas realmente atrativas, o que está iniciando a impactar fundos de crédito privado e fundos imobiliários que dependem desses títulos para se manter abertos, captando investimentos, mantendo uma performance consistente acima da SELIC.
O risco de crédito é uma preocupação crescente
Quando a taxa de juros é alta, as empresas menos estruturadas enfrentam dificuldades para pagar suas dívidas. Isso aumenta o risco de inadimplência, especialmente em 2025, quando as taxas devem continuar elevadas. Por isso é fundamental escolher empresas sólidas, boas geradoras de caixa e de preferência com avaliações A ou maior por instituições de análise de risco de boa reputação como a Moody’s e a Fitch. É importante considerar critérios técnicos de análise fundamentalista como EBITA/Divida Liquida (dentro outros) para ver se a empresa conseguirá manter o pagamento de suas obrigações dentro do que foi combinado com seus fornecedores e investidores.Assim evitamos sermos pegos de surpresa como foi o caso da Americanas e da Light com riscos alto de quebra das empresas e consequente alto risco de não pagamento das dívidas.
Estratégias para o Investidor em 2025
Com o cenário do aumento da taxa de juros se tornando mais desafiador, aqui estão alguns pontos acionáveis para os investidores navegarem no crédito privado em 2025 que a Meelion considera importante para você:
Priorize empresas sólidas
Evite o erro de perseguir retornos altos sem analisar o histórico da empresa emissora. Empresas com boa geração de caixa e dívidas controladas oferecem mais segurança em tempos de juros altos. Isso reduz o risco de calotes e renegociações desfavoráveis.
Ação: Estude o balanço das empresas emissoras. Prefira aquelas com baixo endividamento e que atuem em setores estáveis, como energia e infraestrutura. Não abra mais de uma boa análise fundamentalista e se apoie nos relatórios das agências de risco. Evite investir em empresas sem rating ou com rating menor que B minimamente.
Diversificação é essencial
Não concentre todos os investimentos em um único tipo de título, setor ou empresa. Por isso, diversificar seu portfólio é essencial para protegê-lo contra surpresas negativas, como cenários macroeconômicos desfavoráveis, catástrofes naturais ou até mesmo a má gestão de uma empresa. Afinal, uma carteira forte e resiliente depende de uma abordagem estratégica que inclua diversos setores da economia.
Então, o que fazer? Combine investimentos em crédito privado com ativos mais seguros, como títulos do governo. Além disso, invista em diferentes setores para reduzir riscos e aumentar a estabilidade da sua carteira. Para garantir equilíbrio, aloque um percentual saudável do seu patrimônio em cada empresa ou setor. Não se esqueça: tenha um olhar atento à exposição ao risco em cada investimento. Por fim, peça ajuda ao seu gerente ou assessor para obter uma visão mais completa e detalhada sobre os riscos do seu portfólio de investimentos.
Monitore os juros e o cenário fiscal
A Selic deve continuar subindo no primeiro semestre de 2025, mas sua estabilização dependerá de como o governo brasileiro gerencia suas contas públicas. Um desequilíbrio fiscal pode prolongar os juros elevados, pressionando ainda mais empresas endividadas.
Ação: Fique atento às reuniões do Banco Central e aos dados de inflação e déficit público. Isso ajudará a entender como os juros irão se comportar. Nesse cenário é mais indicado balancear o crédito privado com emissões bancárias que acabam tendo menos risco que o crédito privado quando feitos com bancos sólidos.
Reavalie FIIs de papel
Fundos imobiliários que investem em títulos privados enfrentam desafios de alocação e rentabilidade. Verifique se os gestores desses fundos estão diversificando os ativos e buscando novas oportunidades de qualidade.
Ação: Leia os relatórios mensais dos fundos em que investe e veja como eles estão lidando com as mudanças do mercado. Se necessário, considere ajustar sua carteira. Fique atento especialmente se os dividendos que estão sendo pagos seguem de acordo com as expectativas ou se tem piorado a performance recentemente. Se esse for o caso pode ser hora de repensar sua estratégia de alocação.
Oportunidades e Riscos para 2025
- Empresas sólidas continuarão se destacando: Títulos de empresas confiáveis, mesmo que ofereçam retornos menores, terão mais valor em tempos de incerteza.
- Risco de inadimplência persistente: Com a Selic elevada e dificuldades no equilíbrio fiscal, empresas mais frágeis terão problemas para refinanciar suas dívidas.
- Novos ciclos de corte de juros podem surgir: Caso o governo consiga controlar a inflação e melhorar suas contas, a Selic poderá iniciar uma nova trajetória de queda no segundo semestre, o que pode dar mais fôlego para as empresas continuarem sendo boas pagadoras.
Conclusão
O crédito privado em 2024 atraiu investidores, mas o cenário para 2025 exige mais cautela. Saber escolher títulos de qualidade, diversificar e acompanhar as condições econômicas será crucial para garantir bons retornos e proteger seu capital. Nós, da Meelion, estamos comprometidos em ajudá-lo a explorar essas oportunidades de maneira estratégica e segura.