Análise Fundamentalista em renda fixa
Análise Fundamentalista em Renda Fixa, sabia que dá para fazer? Pois, certamente, dá sim! Na verdade, na jornada para construir riqueza com sabedoria, nós da Meelion acreditamos que boas decisões financeiras começam com uma base sólida de conhecimento e entendimento. Por isso, analisar fundamentalmente uma empresa antes de investir em suas debêntures ou CRIs/CRAs deve ir muito além da rentabilidade: deve ser como investigar o coração e a alma do negócio. A seguir, vamos ensinar um processo repetível que ajuda você a identificar as melhores oportunidades, trazendo mais clareza e confiança para suas escolhas de investimento.

1. O que é Análise Fundamentalista em renda fixa e por que ela é importante?

A Análise Fundamentalista em renda fixa é, basicamente, o estudo da saúde financeira, operacional e estratégica de uma empresa. Além disso, ela ajuda o investidor a responder perguntas essenciais, como:

  • A empresa tem capacidade de crescer?
  • Está bem posicionada no mercado?
  • É sólida o suficiente para pagar suas dívidas e gerar retorno?

Dessa forma, ao entender esses pontos, os investidores conseguem separar empresas promissoras das que representam risco excessivo.

Embora essa análise seja tipicamente aplicada para avaliar investimentos em ações, ela também é extremamente relevante na renda fixa. Por exemplo, a Análise Fundamentalista em renda fixa fornece uma excelente ideia de se a empresa será uma boa pagadora de suas obrigações, seja com investidores ou fornecedores. Assim, você pode tomar decisões mais conscientes e seguras ao compor sua carteira.

Por que fazer uma Análise Fundamentalista em renda fixa ao investir em CRIs, CRAs e Debêntures?

Ao investir em títulos de renda fixa, como CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e Debêntures, você está, essencialmente, emprestando dinheiro para uma empresa ou setor específico. Inicialmente, pode parecer que uma empresa só buscaria esse tipo de financiamento se estivesse enfrentando problemas financeiros. No entanto, a realidade é bem diferente.

Na verdade, muitas das ofertas públicas disponíveis hoje são feitas para que as empresas possam investir mais e acelerar a geração de resultados. Por exemplo, elas trabalham alavancadas, antecipando investimentos que fariam ao longo dos anos com seu próprio capital. Dessa maneira, uma empresa pode captar recursos para construir uma nova fábrica ou expandir suas operações rapidamente, ao invés de esperar que o caixa ao longo dos anos cubra esses custos. Assim, você participa diretamente no crescimento desses negócios enquanto potencializa os seus ganhos.

Então o sucesso desse tipo de investimento depende de algo essencial: a capacidade da empresa ou emissor de honrar suas obrigações financeiras no longo prazo.

A análise fundamentalista nesse contexto, se concentra em avaliar se quem está captando o dinheiro:

  • É realmente um bom gerador de caixa: consegue criar valor de forma consistente para arcar com os juros e as amortizações de suas obrigações.
  • Controla suas dívidas de maneira eficiente: não está excessivamente alavancado, a ponto de comprometer o pagamento aos investidores.

Especialmente em períodos de incerteza econômica ou com taxas de juros elevadas, a importância dessa análise cresce significativamente. Nessas condições, empresas mais frágeis enfrentam dificuldades muito maiores para se financiar ou para cumprir o pagamento dos juros que prometeram aos investidores. Consequentemente, isso aumenta o risco de inadimplência, podendo levá-las a processos de recuperação judicial. Portanto, entender a saúde financeira e a gestão da empresa é crucial para reduzir riscos e proteger seus investimentos.

Indicadores principais para avaliação de risco na renda fixa

Se você deseja garantir que a empresa tem capacidade de honrar suas dívidas dentro do prazo do investimento, deve começar analisando três indicadores-chave e uma conta simplificada:

EBITDA (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização)

  • O que é: Representa o lucro operacional da empresa, excluindo despesas financeiras (juros), impostos e itens contábeis como depreciação e amortização.
  • Por que é importante: Mede a capacidade da operação principal de gerar caixa, sem interferências de estruturas financeiras ou ajustes contábeis.
  • Interpretação: Empresas com EBITDA positivo e consistente ao longo dos anos demonstram maior segurança para cumprir suas obrigações financeiras.

Dívida Líquida

  • O que é: Soma todas as obrigações financeiras da empresa (empréstimos, debêntures etc.) e desconta o dinheiro disponível em caixa.
  • Por que é importante: Reflete o valor que a empresa precisa pagar, já descontando os recursos financeiros disponíveis.
  • Interpretação: Uma dívida líquida alta em relação ao patrimônio ou ao lucro operacional pode indicar um risco mais elevado.

Patrimônio Líquido

  • O que é: É a diferença entre os ativos totais e os passivos totais da empresa, representando seus recursos próprios.
  • Por que é importante: Aponta a solidez financeira da empresa e sua capacidade de suportar perdas sem depender de crédito externo.
  • Interpretação: Um Patrimônio Líquido elevado é um sinal positivo, pois demonstra menor dependência de dívidas. Por outro lado, um Patrimônio Líquido baixo pode indicar maior risco financeiro devido à dependência de financiamento externo.

Margem EBITDA

  • O que é: Calcula o percentual da receita que é convertido em caixa operacional.
  • Por que é importante: Avalia a eficiência da empresa em gerar lucro a partir de suas vendas.
  • Interpretação: Uma margem EBITDA alta demonstra boa lucratividade operacional, enquanto uma margem baixa pode apontar problemas com custos ou ineficiência, elevando o risco financeiro.

Dessa forma, ao analisar esses indicadores, você terá uma visão clara sobre a capacidade financeira da empresa e, assim, poderá tomar decisões mais seguras e informadas.

Principais indicadores combinados:


Agora que conhecemos os indicadores básicos, podemos combinar alguns deles para termos uma melhor noção do quão boa pagadora uma empresa pode ser. Vamos lá:

    1. Dívida/EBITDA
      • O que mede? Quantos anos de geração de lucro operacional seriam necessários para quitar toda a dívida líquida, ou seja, sua capacidade de pagar dívidas com os lucros operacionais.
      • Bom: Menor que 3 anos
      • Ruim: Acima de 5 anos
  • Divida Liquida/ Patrimônio Líquido
    • O que mede? Mede a alavancagem financeira da empresa indicando o quanto do seu patrimônio líquido está comprometido por dívidas. 
    • Fórmula: Divida / Patrimônio Líquido
    • Bom: Abaixo de 1 (endividamento controlado)
    • Ruim: Acima de 2 (dependência excessiva de capital de terceiros)

Onde encontrar os dados?

Para uma análise confiável, você pode usar ferramentas que consolidam os principais indicadores financeiros das empresas. Abaixo recomendamos dois sites para você iniciar: 

  • Status Invest: Excelente para buscar dados de dívida, patrimônio e indicadores financeiros.
  • Investidor10: Apresenta métricas organizadas e comparações de múltiplos.

Passo 2: Calculando a segurança do investimento

Para simplificar a análise e tomar decisões objetivas, os especialistas da Meelion desenvolveram a fórmula abaixo para calcular a segurança aproximada de um investimento em crédito privado: 

formula seguranca meelion

  • Interpretação dos Resultados:
    Esse índice indica que quanto menor ele é, mais segura é a empresa em termos de pagamento de dívidas e geração de caixa. Resultados abaixo de 1 são bastante seguros e acima disso, mais arriscados. Quanto mais longe de 2, maior o risco. 

3. Simulação Prática

Abaixo a simulação com algumas empresas famosas para você poder entender o racional:

Empresa Dívida Líquida (R$ Bi) EBITDA (R$ Bi) Margem EBITDA (%) Segurança Classificação de Risco
BRADESCO 5.40 22.60 35.0 0.95 Boa Segurança 
ITAU 13.20 43.20 41.0 0.88 Boa Segurança 
VALE 38.40 23.10 44.0 0.86 Boa Segurança 
PETROBRAS 89.80 91.20 45.0 0.50 Boa Segurança 
AMBEV 60.50 25.80 22.0 1.38 Boa Segurança 
MAGAZINE LUIZA 7.80 4.30 10.0 3.16 Segurança Baixa
LIGHT 16.70 2.30 11.0 3.00 Segurança Baixa
GOL 14.80 1.30 3.0 8.72 Segurança Baixa

Dados: Novembro de 2024.

4. Investir ou não ? Eis a questão! 

Obviamente, a decisão final de investimento é sempre do investidor e essa ferramenta que apresentamos é obviamente uma simplificação de um cenário muito mais complexo mas que pode ajudar sim a identificar riscos de para o investidor. Vale lembrar que essa análise não substitui de forma nenhuma o trabalho profissional que casas como a como Standard & Poor’s (S&P) ou a Moodys, que são agências de classificação de risco internacionais. Sempre utilize uma abordagem complementar pois Investir em CRIs, CRAs e debêntures requer uma análise cuidadosa, especialmente porque estamos emprestando dinheiro às empresas e confiando que elas poderão honrar suas obrigações no longo prazo. A capacidade de avaliar a saúde financeira de um emissor é essencial para minimizar riscos e alcançar retornos consistentes.

Ao longo deste artigo, mostramos como a análise fundamentalista pode ser adaptada para o mundo da renda fixa. Mas lembre-se que ser um investidor é ir além de números: é construir um futuro com base em conhecimento sólido, objetivos claros e decisões inteligentes ao longo do tempo. Esperamos que esse guia seja uma bússola no seu caminho rumo à manutenção e evolução do seu padrão de vida. 

 

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